segunda-feira, setembro 25, 2006

:: Por que me tornei professora e como vivencio hoje o ser professor?



Quando eu tinha 8 ou 9 anos ganhei um quadro negro ( era negro mesmo ) de uma tia que era professora, então eu dava aula para minhas bonecas ou para meus irmão mais velhos, quando eles concordavam. Desde aquela época eu dizia que queria ser profesora categoricamente. Quando eu estava no 1° ano do Curso Normal ( em 1977 ) fiz um curso para trabalhar como voluntária na APAE. Trabalhei um ano como auxiliar numa turma onde todos os alunos tinham Síndrome de Down. Foi difícil, desafiador e cansativo mas reforçou meu desejo de ser professora. Penso que nossa profissão não trabalha só com conteúdos, mas antes de tudo com energia vital. Recebemos, doamos e compartilhamos a fé na vida, o amor ao próximo e o desejo de lutar sempre por um mundo melhor. Exercitamos a cada dia nossa tolerância e nossa capacidade de superar dificuldades. Esta é a maior motivação: perceber que ainda somos importantes na vida das crianças que confiam em nós. Hoje já tenho uma caminhada de 26 anos de profissão: dois como substituta e 24 como regente de classe. Mudei muitos conceitos que considarava certos, mas reforcei outros que continuo achando importantes. Neste tempo todo passei por muitas mudanças na educação, algumas muito válidas, outras mal aplicadas e interpretadas. Algumas vezes me senti usada e pouco ouvida, outras tantas mantive minha posição e segui meu trabalho. Hoje olho para trás e vejo um caminho bonito, onde semeei coisas boas e deixei algumas marcas. Penso que aprendi na mesma proporção que ensinei. Procuro trabalhar os conteúdos da melhor maneira possível porque sei que o embasamento teórico é importante e o currículo desenvolvido faz parte de uma formação contínua, enriquecendo os conhecimentos que cada aluno já traz consigo. Porém, hoje dou muito valor à vivência, à troca de experiências, aos valores e talentos que posso despertar e reforçar. Encaro minha profissão como uma missão de conduzir vidas, despertar consciências, reforçar valores, sem esquecer que este é o meu "ganha-pão" e por isto preciso valorizar meu trabalho e lutar a cada dia por uma educação de qualidade e respeito profissional.
Leila Maria Linck Wasum
http://marialeilaml.blogspot.com


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