sábado, dezembro 30, 2006

:: Avaliação final1-Memorial descritivo/Salete Schmidt


A tarefa de transformar em documento as reflexões a respeito deste semestre tão especial é algo bastante difícil, principalmente para alguém emotivo como eu. Tudo que adquiri, vivi e aprendi não representa apenas este período, mas sim o principio da realização de desejos e sonhos antigos.
Nunca imaginei estar construindo minha formação acadêmica na UFRGS, mas sempre desejei poder me formar em uma instituição séria e de qualidade. Por várias vezes voltei a faculdade, mas sempre desistia por dificuldades financeiras. Esta é uma das maiores mudanças na minha vida e motivo de muita alegria: a certeza de que minha graduação só dependeria de meu desempenho e responsabilidade, além disso, a alto estima que se adquire ao ingressar em uma universidade importante como a UFRGS nos abre portas.
No que se refere às mudanças em minha vida profissional, também foram muitas principalmente com relação às fontes de pesquisa e as ferramentas tecnológicas que não faziam parte do meu dia-a-dia e após ter iniciado no PEAD passei a manipular com freqüência. Mas o que considero mais relevante na questão das relações de trabalho é a força e o apoio teórico a várias idéias que sempre tive e sempre fiz questão de expor em meu ambiente profissional, mas que nem sempre foram bem aceitas.
Agora, além de poder debater estas idéias com colegas e professores, tendo uma visão mais ampla delas, posso leva-las ao trabalho com maior propriedade, questionando mais e melhor sobre fatos que se tornam costumeiros nas instituições públicas e que todos temos dever de nos colocar contra, mas que nem sempre temos conhecimento e coragem para fazer.
Como já havia mencionado, estar na UFRGS abre portas. Antes eu era vista simplesmente como a rebelde, a do contra. Hoje, quando exponho minhas idéias e digo o porque de meus posicionamentos, sou ouvida com atenção pela direção e muitos até já se arriscam a ficar do meu lado, principalmente quando as questões envolvem legislação.
É incrível como as pessoas não conhecem seus direitos e preferem se omitir e se sujeitar a desmandos, só para não terem que estudar os problemas. Isso é o que me remete a pensar no que mudou em minha visão sobre educação.
Continuo certa de que a educação é o melhor caminho para a solução dos problemas sociais, políticos e éticos do país, porém cheguei a conclusão de que não me basta querer ter uma educação de qualidade, é preciso que eu consiga arrastar o máximo de pessoas comigo. Não que todos precisem pensar como eu, mas pensar sempre é bom. Cheguei a conclusão de que lutar sozinho é mais difícil e desgastante.
Como falei a pouco, minha opinião hoje é mais respeitada e considerada, pois não sou vista apenas como a professora Salete e sim como alguém que está em uma instituição que todos gostariam de estar e onde posso buscar orientação sobre os mais diversos temas, com profissionais muito respeitados. Por isso não estou mais só e os colegas de meu trabalho, por outro lado sentem-se mais seguros em unir-se não apenas a minha fala e sim a uma opinião fundamentada e respeitada até por nossos superiores.
É estranho falar sobre este tema, mas é deste jeito que ocorre em meu ambiente de trabalho e acredito que seja mais ou menos assim em todos os lugares. Isso não significa que tenha me tornado algum tipo de liderança rebelde, mas desde as pequenas coisas, as pequenas soluções partem da representatividade e esta não se faz só e muito menos sem argumentos sérios e fundamentados.
A busca por alianças, reforçar as idéias de grupo e querer conhecer sempre mais, posso dizer que aprimorei bastante no PEAD.
Seria muito comum responder sobre aprendizagem de alunos , o que penso, como acontece ao meu ver. Mas falar sobre aprendizagem a partir do que vivi neste último semestre é bem mais complicado.
Temos mania de achar que aprendizagem só ocorre com alunos, os professores sabem tudo e quando não sabem é porque se esqueceram. Mas a coisa não é bem assim, eu sempre tive dificuldade de trabalhar em grupo e de pedir ajuda.
Hoje, não posso dizer que sou a pessoa mais doce nos trabalhos em grupo, mas tenho trabalhado e me esforçado para alcançar sucesso nas atividades juntamente com meus colegas. Já para pedir ajuda, agora sou campeã! Aprendi a não ter vergonha de minha ignorância, pois enquanto eu pedir ajuda, ela com certeza será passageira.
São tantas coisas pequenas, na maioria óbvias, mas que no meu entendimento fazem a diferença no que penso a respeito de educação, de aprendizagem, de realização pessoal e profissional e das funções sociais de um professor, que tenho certeza melhorou muito e espero continuem melhorando até o final do curso;

- Não basta que eu saiba algo, é preciso que todos possam ter este conhecimento.

- A realização profissional só vem se eu estiver disposta a me empenhar e às vezes pagar o preço por ser uma boa professora.

- Ser um bom profissional é ajudar não só meus alunos, mas todos, inclusive eu mesma, a ter conhecimento da realidade e não de verdades impostas ou porções do real.

- A aprendizagem nem sempre é fácil ou mágica, é preciso estar preparada para as adversidades, sem perder a alegria e o prazer pelo conhecimento.

- O desejo de realização pessoal é como a libido, não se extingue, apenas é saciado momentaneamente, é como uma mola propulsora de nossas realizações. É perda de tempo sofrer com algo que não fizemos corretamente, devemos usar este tempo e experiência para alcançar a satisfação.

- Em todo o lugar, sempre existirão pessoas insatisfeitas com minha forma de pensar ou com minha realização, por tanto, se eu não desejo ser contrariada ou contestada é melhor nem abrir a boca.

- A oposição é algo importantíssimo, seja de nossa parte ou contra nós. Ela faz com que estejamos atentos a pensamentos e ações arbitrarias, contraditórias ou irresponsáveis que muitas vezes podem estar sendo cometidas por nós mesmos.



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